Tradições
da Freguesia:
Diversas tradições que durante décadas
foram o encanto de geração e que o tempo,
ajudado pelos "enlatados" da TV, se encarregaram
de apagar.
O lançar os cântaros, os jogos de roda
ou joga da panela foram brincadeiras que caíram
no esquecimento. Outras tradições, como
a celebração do Entrudo e respectivos
"casamentos" eram aguardados como um acontecimento
imprescindível na sucessão das estações
do ano. A dupla Manuel Seixas e Zé Cascalho estavam
sempre atentos a acontecimentos patéticos ou
ditos a despropósito que haveriam de servir de
mote à crítica social. 0 Entrudo era sempre
precedido do "toque dos 1atos" pelas ruas
da aldeia, em que os mais novos apenas participavam
até ao toque das Trindades. Na noite do Entrudo
havia os célebres casamentos, com as respectivas
quadras a preceito, que nem sempre eram bem aceites.
Há contudo tradições que resistem.
A fogueira da Páscoa que os rapazes solteiros
acendem no principal largo da aldeia, com enormes troncos
de árvores "roubados". 0 lume é
ateado à meia noite enquanto os sinos da igreja
começam a tocar anunciando a ressurreição
de Cristo. Matança do porco. Trata-se da festa
por excelência duma casa de lavoura a que se seguem
outras tradições como a preparação
e secagem dos chouriços (enchidos) e salgas dos
presuntos, pás e toucinhos dos porcos. No dia
do mataporco o ritual não pode ser alterado.
Bem cedo "mata-se o bicho" (pequeno almoço),
com trigo caseiro, figo secos, nozes e aguardente ou
vinho. Depois abate-se o animal, aproveitando-se o sangue
para os chouriços doces, e chamusca-se o porco
com palha de centeio. Limpa-se e tira-se as tripas e
miudezas. De seguida pendura-se na adega para que seque.
É hora de almoço a ementa é a primeira
prova do porco: sopas de sangue e fígado assado.
Depois da refeição, à boa maneira
transmontana, as mulheres lavam as tripas do porco com
ajuda de vergas de vime ou olmo e os homens jogam a
"Sueca".
Artesanato:
Neste Freguesia destaca-se a cestaria, sendo esta parte
integrante de um património que teima em não
morrer. Talhinhas , pela sua extensão e peso
agrícola, sempre se assumiu como um pólo
importante. O solo fértil fazia sobressair os
lavradores de posses, e o alicerce económico
é fundamental para a actividade do artesenato.
Aqui, têm grande saliência a cestaria e
os trabalhos em madeira.
As bordadeiras, pelo menos algumas, vão também
subsistindo em Talhinhas. Com alguma dificuldade, porque
dificuldade, porque o progresso não perdoa, mas
sobretudo com muito amor e cuidado na preservação
de uma arte comum. Com a consciência, afinal,
de tudo o que representa um simples bordado: “Os
bordados são motivos de inspiração.
Tal como um livro ou uma obra de arte requintada, é
necessário compreendê-los, extrair-lhes
todo o subjectivismo, vivê-los enfim para saber
o que, embora mudos, nos dizem. Os fios de que eles
se fazem, não os tornam mais valiosos, sendo
de simples crochet ou de luxuoso brocado. Para nós
o artístico está no bordado e não
na matéria de fabrico, bem como o valor de uma
pintura está na sua arte e não do valor
da tela.” (José do Vale)
Gastronomia:
Tratando-se de meio essencialmente rural a alimentação
tem como base a carne de porco que cada família
procura, ainda hoje, quanto possível criar com
alimentos naturais. È tradição
no meio que em dias especiais, ou quando se recebem
amigos se ponha na mesa de refeição o
presunto, salpicão, linguiça, botelo que
é por vezes servido com casulas secas. São
também apreciadas as compotas preparadas com
frutos regionais.
Pontos de interesse:
Santuário de N°. S"‘. de La Sellete,
Miradouro de Estante, Rio Sabor, Ribeira de Vale de
Moinhos, águas sulfurosas do Ribeiro de Suanda
e Ribeiro dos Moinhos. |